A insistência do PT com o Plano A – isto é, na candidatura de Lula, apesar da condenação e da prisão do ex-presidente – começa a fazer água. Isto é, começa a dar evidências dos prejuízos que a estratégia está trazendo. Logo que os meios de comunicação começaram a marca as sabatinas com os pré-candidatos, o PT cobrou espaço para o partido, alegando que tinha um candidato (Lula) e desejava ter o espaço garantido para um representante do ex-presidente. Não colou.

O partido levou o caso ao TSE, onde o ministro Og Fernandes negou o recurso. O tema não está esgotado, o que dá alguma esperança ao PT: como o tema é inédito, Fernandes resolveu enviar o processo para análise do Plenário. Mesmo que consiga espaço para um representante – e mesmo que esse representante seja Fernando Haddad, uma espécie de suplente do Plano A –, não é a mesma coisa. Sempre ficará a lembrança de que Lula não está presente porque está preso.

Tudo isso vai fragilizando o discurso petista, inclusive porque não há paralelo no partido ante a capacidade de comunicação do ex-presidente. Além da falta de competência comunicacional, o substituto estará envolto em uma aura de ilegitimidade: é um substituto. Sequer fala por si.

Desde o final do ano passado, antes mesmo do julgamento de Lula em 2ª instância, Fernando Haddad era apontado como um Plano B. Mas, oficialmente, o PT sempre negou. Insistia: só há um nome, e esse nome é Lula. Dessa forma, desqualificou o ex-prefeito de São Paulo como um nome a ser levado em conta. Também será pouco levado em conta se for para uma sabatina como “representante”.

O prejuízo político do partido fica ainda mais evidente quando aliados históricos – a exemplo do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) – começam a nuscar outras alternativas e defendem uma aliança em torno de Ciro Gomes (PDT). Uma aliança onde o PT entraria como um aliado a mais. Talvez oferecendo o vice, mas um aliado a mais.

Ao insistir com o Plano A, o PT parece ter abraçado uma opção impossível. Esse desenho estava razoavelmente definido ainda nos últimos meses do ano passado. Mas os estrategistas do partido, com o aval de otimistas advogados, acreditavam que Lula poderia ficar solto até a campanha. E apostavam que o ex-presidente poderia levar nas costas um outro nome que o substituiria apenas lá para o mês de setembro.

Tudo aconteceu de forma diferente e Lula está preso desde 7 de abril. Nos cálculos do PT, Lula só deixaria a campanha cinco meses depois dessa data, e ainda assim, ficaria livre. A realidade é outra e, sem poder fazer campanha com Lula, o partido ficou no mato sem cachorro. O Plano A fez água.

Agora, o PT tem que avaliar a possibilidade de, pela primeira vez desde 1989, não ter candidato à presidência.

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