RIO — Morreu em casa, por volta das 8h50m da manhã deste domingo, a atriz Eva Todor, aos 98 anos. A informação foi confirmada por amigos da artista, que disseram ainda que a causa da sua morte foi pneumonia. O velório público está marcado para segunda-feira, das 9h às 11h, no Teatro Municipal. De lá, a cerimônia continuará na capela de número 8 do Memorial do Carmo, no Caju, onde ela será cremada às 16h.

— A Eva vinha sendo muito bem cuidada pelos enfermeiros e recebia visita de amigos com frequência. Ela esteve doente todo o ano e morreu de pneumonia. Eu estava aqui na hora com alguns enfermeiros e empregados. A Eva teve toda a assistência — disse Marcelo Del Cima, amigo da atriz, que havia sido internada em março deste ano.

Eva Todor sofria de Mal de Parkinson e chegou a ficar dez dias internada em março deste ano. A atriz estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012, e sua última aparição pública foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon.

A atriz somava mais de 80 anos de carreira. O início nos palcos foi por meio do balé, ainda na infância. Húngara de nascimento, Eva Todor (que tinha o sobrenome Fódor de batismo) chegou a dançar na Ópera Real de Budapeste. Filha de uma estilista e de um comerciante de tecidos, ela já mostrava talento para a vida artística, mas a realidade complicada do período entre guerras na Europa a fez fugir com a família para o Brasil, em 1929.

Foi por meio do contato com um crítico de teatro que surgiu a oportunidade de fazer um teste para integrar o elenco de uma peça com Dulcina de Moraes. Mas não deu certo — o português de Eva ainda era incipiente, e ela foi reprovada. Pouco tempo depois, entretanto, ela conseguiu entrar na carreira por meio do teatro de revista. Aí deslanchou.

“Fiz um sucesso muito grande. Fiquei quatro ou cinco anos. E foi onde conheci meu primeiro marido, que era o diretor da companhia (Luis Iglesias). Eu me casei aos 14 anos. Depois, ele achou que aquilo não tinha futuro e montou uma companhia de comédia para mim. Todo mundo disse que ele era louco, porque eu era uma menina que não tinha experiência nenhuma e, além do mais, falava português pessimamente. Mas, deu certo. E a companhia ficou sendo Eva e seus Artistas, durante muitos anos. Só no Teatro Serrador, fiquei 23 anos”, relatou ela ao “Memória Globo”, lembrando que graças ao teatro resolveu “aportuguesar” seu sobrenome para Todor.

A naturalização como brasileira aconteceu com a forcinha de um personagem ilustre. Na década de 1940, quando fazia uma peça no Teatro Municipal, ganhou Getúlio Vargas como admirador, o que facilitou o processo para conseguir a identidade nacional.

Foi nas novelas e séries televisivas que ela se tornou um rosto conhecido dos brasileiros. Com mais de 30 novelas no currículo, fez “Partido alto” (1984), “De corpo e alma” (1992), “O cravo e a rosa” (2000), entre várias outras. No cinema, Eva fez sua estreia ao lado de Oscarito, em 1960, com “Os dois ladrões”, de Carlos Manga. Foram cinco filmes no currículo, o último em 2008 (“Meu nome não é Johnny”).

Eva Todor era viúva e não deixa filhos. Amigos da artista, fãs e famosos lamentam a morte dela nas redes sociais, como a atriz Glória Pires e o blogueiro Hugo Gloss.

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FONTEO Globo
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