WASHINGTON – Se na segunda-feira 54 legisladoras democratas pediram uma investigação do presidente Donald Trump por diferentes acusações de assédio sexual, o número superou os cem nesta terça-feira. Um total de 16 mulheres já denunciaram publicamente Trump por conduta sexual imprópria — que, num dos casos mais controversos frente aos quais se encontra, se gabou em uma fita de 2005 revelada durante a campanha eleitoral que poderia beijar e apalpar mulheres impunemente devido a sua fama.

— O abuso sexual não será tolerado, seja por um produtor de Hollywood, um chef de restaurante, um membro do Congresso ou o presidente dos EUA — disse a deputada democrata Lois Frankel. — Nenhum homem ou mulher está acima da lei.

O número de apoiadores de uma investigação contra Trump pulou para mais de cem após a entrada do apoio dos colegas homens de partido.

— Por muito tempo, a responsabilidade pelos próprio atos não vem sendo uma prioridade, e o mau comportamento tem passado impune. Por muito tempo, vozes corajosas fracassaram por causa de ouvidos surdos, e este tempo agora acabou — afirmou a deputada Brenda Lawrence.

TRUMP FAZ INSINUAÇÃO CONTRA SENADORA

Trump, por sua vez, atacou as mulheres que o acusam de assédio, denunciando suas “falsas acusações e histórias inventadas”, depois que várias delas pediram ao Congresso que o investigue. Três mulheres que afirmam ter sido assediadas sexualmente por Trump antes de sua candidatura à Presidência pediram na segunda-feira aos legisladores para abrirem uma investigação sobre o comportamento do chefe de Estado.

Rachel Crooks, Jessica Leeds e Samantha Holvey, que já denunciaram Trump durante a campanha presidencial de 2016, apareceram na emissora de televisão nacional NBC para exigir que o presidente seja responsabilizado por seus atos.

Leeds disse que Trump a apalpou em um voo comercial. E Holvey alega que o presidente se comportou de maneira inapropriada quando participava do concurso de beleza Miss Estados Unidos, ao aparecer nos bastidores quando ela e outras mulheres estavam nuas.

Nesta terça-feira, Trump contra-atacou no Twitter, assinalando seus opositores democratas por incitarem as mulheres a falar com jornalistas sobre o suposto assédio.

“Apesar das milhares de horas desperdiçadas e dos milhões de dólares gastos, os democratas não conseguiram mostrar nenhum conluio com a Rússia e agora estão passando para as acusações falsas e histórias inventadas de mulheres que não sei quem são e/ou nunca conheci. NOTÍCIAS FALSAS!”, tuitou.

A senadora democrata Kirsten Gillibrand inclusive disse que Trump deveria “renunciar de imediato”.

Em outro tuíte nesta terça, Trump descreveu Gillibrand como “peso-pena”. Em um tom muito agressivo, disse que “não faz muito tempo”, ela “vinha ao meu gabinete ‘mendigando’ contribuições para sua campanha”. E, de maneira implícita, acrescentou que a legisladora “faria qualquer coisa” para conseguir esses fundos.

Gillibrand respondeu com outro tuíte: “você não pode me silenciar. Nem a mim, nem as milhões de mulheres que saíram para falar claramente sobre a incapacidade e vergonha que você trouxe ao Salão Oval”.

A senadora de Nova York foi a primeira a pedir ao seu colega democrata Al Franken, denunciado por várias mulheres de assédio, que renunciasse. Além de Franken, outros dois legisladores americanos renunciaram ao Congresso na semana passada por acusações de assédio.

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