O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo nesta quinta-feira (28), que aponta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,7% em 2017 e 2,6% em 2018. Segundo o estudo, o aumento será puxado, do lado da despesa, pelo consumo das famílias, pelas exportações líquidas e pela variação de estoques, e, do lado da oferta, pela agropecuária.

Arte/Divulgação Ipea

A análise da seção Visão Geral da Carta de Conjuntura nº 36 do Ipea projeta que, neste terceiro trimestre, a indústria (1,4%), os serviços (0,5%) e a agropecuária (11,1%) devem apresentar taxa de crescimento positiva em relação ao mesmo período de 2016. Outros componentes do PIB devem seguir a mesma trajetória: aumento de 1,4% do consumo das famílias, de 9,6% das exportações e 4,9% das importações. As projeções pressupõem um cenário de relativa estabilidade da percepção de risco em relação à economia brasileira.

Para o resultado de 2018, todos os componentes da oferta (indústria, serviços e agropecuária) devem contribuir positivamente, assim como o consumo e investimento, pelo lado da despesa.

A seção da Carta de Conjuntura mostra que o principal impulso do crescimento deve vir da política monetária, com a redução dos juros básicos da economia para 7% neste ano e a manutenção desse patamar no ano que vem. Ainda assim, a inflação deve ficar abaixo do piso de tolerância da meta, 2,9%. Para 2018, espera-se um aumento da inflação, mas ainda abaixo da meta, em 4,2%.

O trabalho destaca diversas medidas dos últimos meses que poderão ampliar o crescimento da economia no médio e longo prazos, como a mudança da taxa de empréstimo de recursos do BNDES da TJLP (determinada administrativamente) pela TLP (que seguirá as taxas de mercado), a reformulação dos marcos legais nos setores de infraestrutura e a aprovação da reforma trabalhista.

Questão fiscal e Previdência: pontos polêmicos no estudo

A Carta de Conjuntura alerta para o desajuste fiscal estrutural, que coloca em risco a sustentabilidade da dívida pública e emerge como questão fundamental para o cenário de recuperação. Os técnicos do Ipea explicam a importância da reforma da Previdência para que o país volte a estabilizar a relação dívida/PIB. Segundo eles, o problema previdenciário sobre as finanças dos estados afeta as políticas públicas essenciais para o funcionamento da economia.

Crise da violência no Rio de Janeiro é reflexo da crise fiscal

O trabalho destaca o caso do Rio de Janeiro, com severa crise fiscal que teve impacto direto na disponibilidade de recursos para a segurança pública, o que pode ter influenciado na deterioração dos indicadores de violência urbana. O Rio também apresenta saldo negativo de empregos formais, enquanto o Brasil já tem saldos positivos.

Pesquisa indica a queda da inflação e situação econômica internacional favorável

O estudo aborda, ainda, uma visão geral dos indicadores, a recuperação da atividade econômica, a queda da inflação, a situação econômica internacional favorável e o aumento dos rendimentos médios reais do mercado de trabalho, que tendem a crescer mesmo na ausência de reajustes. A elevação desses rendimentos, a queda dos juros, a retomada da confiança dos consumidores e a perspectiva de uma inflação na meta apontam para uma retomada mais vigorosa do consumo. Já as incertezas políticas limitam o crescimento dos investimentos.

A seção Visão Geral foi divulgada no auditório do Ipea no Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 28. O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, José Ronaldo de Souza Jr., comentou os principais pontos da seção, realizada em coautoria com o diretor-adjunto Marco Antônio Cavalcanti e o técnico de planejamento e pesquisa Paulo Levy.

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FONTEPortal AZ
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