O Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) se transformou em uma grande “caverna contemporânea” no último sábado (15), com a nova exposição Pedra Viva: Serra da Capivara, o legado de Niède Guidon, e curadoria de Guilherme Wisnik e dos curadores convidados Gisele Felice e Ricardo Cardim. A mostra une a importância do Parque Nacional com a trajetória da pesquisadora franco-brasileira e seus estudos sobre a ocupação humana na América, por meio de conceitos de arqueologia, paleontologia, geologia e botânica, além de arte contemporânea, ocupando as áreas interna e externa do museu.
Distribuídas pela área interna do Museu estão, pela primeira vez em São Paulo, 134 peças emprestadas da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), selecionadas pela arqueóloga Gisele Felice, dentre as quais ossos de megafauna, artefatos líticos e cerâmicos dos sítios arqueológicos da região. Vêm, especialmente para a mostra, três fragmentos de pedra com pinturas rupestres originais com cerca de 12 mil anos de idade.
“A criação do Parque Nacional, em 1979, envolveu a remoção de famílias que viviam no local. Niède Guidon e sua equipe sabiam bem que uma ação consequente dependeria de um desenvolvimento econômico e social da região, envolvendo não apenas a atração do turismo, mas também a educação e a geração de renda para a população local. Mais de 40 anos depois, o seu legado é, ao mesmo tempo, científico, social e ambiental — o que quer dizer, político”, comenta Guilherme Wisnik, curador da mostra.
“Era impossível preservar a cultura e a natureza em um local com tantas questões sociais e econômicas. Era necessário criar escolas de alto nível, preparar a população e criar novas fontes de trabalho”, explica Niède.