Em 2014 um aluno do Campus do IFPI de São Raimundo Nonato chamou muita atenção dos professores. Ao entrar no instituto ele mal sabia ligar os computadores, mas em poucos meses de aprendizado demonstrou habilidades que iam além do que era ensinado em sala de aula. O resultado disso? Inúmeros prêmios conquistados ao longo de sete anos, a construção de uma amizade com um docente que lhe ajudou muito e o começo de um futuro que promete ser cheio de boas expectativas dentro da Ciência da Computação.

Créditos: Reprodução.

O aluno é Carlos Eduardo de Santana, que hoje tem 21 anos e que em 2014 entrou no Curso Técnico em Informática do Campus de São Raimundo Nonato. Eduardo foi criado pelos avôs e por uma tia na comunidade quilombola Lagoa do Cipó, onde moram menos de 40 pessoas, localizada há 30 quilômetros na Zona Urbana de São Raimundo. O local em 2014 não tinha acesso à Internet, ninguém tinha curso superior e as atividades eram voltadas principalmente à agricultura de subsistência.

Ao entrar no IFPI, o aluno que não tinha computador em casa e nenhum domínio relacionado á informática, foi aos poucos chamando a atenção dos professores pela agilidade e facilidade com que aprendia os conteúdos. A partir daí iniciava uma parceria de sucesso, entre o estudante e o professor Dann Luciano, Coordenador do Curso Técnico em Informática. “Percebi que tínhamos um aluno diferenciado, que no começo sonhava em ser um hacker. Resolvi investir no Eduardo, ofereci cursos e aos poucos ele foi criando habilidades impressionantes, a inteligência dele nessa área, era fora do normal”, afirma o professor.

No ano de 2015, a convite do docente e novo amigo, Eduardo participou pela primeira vez da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI). A partir daí ele aumentou os estudos e o espírito de competitividade. No ano seguinte em mais uma participação, o estudante chegou ao 24º lugar em todo o país e ganhou a primeira medalha de honra ao mérito. No mesmo ano ele começou a participar de outras Olimpíadas e ganhou a medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática.

Em 2017, Eduardo ganhou medalha de prata na XIX Olimpíada Brasileira de Informática, ocupando posições melhores que de muitos alunos de escolas particulares, foi o melhor resultado de um aluno de escola pública em todo país. Em seguida, o aluno do IFPI foi convidado para fazer um curso preparatório para a OBI em uma das melhores escolas privadas de Fortaleza, foi nessa oportunidade que ele andou de avião e viu o mar pela primeira vez. A viagem foi feita ao lado do professor, na cidade ele morou por quatro meses, tempo total do treinamento, com tudo pago pela escola. No mesmo ano, mais uma vez junto com o professor Dann Luciano, o aluno fez uma visita técnica ao Campus da UNICAMP, em Campinas – SP, onde participou de outro preparatório, dessa vez, para a Olimpíada Internacional de Informática.

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Os prêmios nas Olimpíadas de Informática ainda seguiram em 2018, 2019 e 2020, sendo finalista em todas essas edições, com oportunidade também de conhecer cidades como Salvador (BA) e Campina Grande (PB). “Antes de entrar no IFPI e conhecer professor Dann, meu sonho era apenas fazer um curso superior, mas ainda não sabia em que área seguir.

Após o Dann me apresentar e me ajudar nesse mundo novo da programação eu me descobri e meu sonho agora é  continuar aprendendo, quero me tornar  um profissional cada vez melhor”, afirma Carlos Eduardo.

Hoje, Eduardo é aluno do 6º período do Curso de Ciência da Computação do campus da Universidade Federal do Piauí em Teresina. Ele também conseguiu um estágio remunerado em Brasília, em uma multinacional brasileira de tecnologia com foco em cloud commerce. A mudança para a capital federal só foi possível com as aulas remotas da universidade. O futuro desse estudante ainda é incerto, mas não há dúvidas que ele pode em breve, se tornar um dos grandes nomes da área de Tecnologia da Informação do país. Um exemplo de superação e força de vontade para muitos outros jovens brasileiros.

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FONTEMeio Norte
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