A cervejaria lança a cerveja, você fica sabendo, acha interessante, coloca na lista de “cervejas a provar”, finalmente consegue tirar uma noite de meio de semana para ir na loja de cervejas especiais, chega lá e… acabou.

Era lote pequeno, sazonal, foi one-shot, filha única. O que acontece da próxima vez? Você fica esperto, agiliza. A cervejaria lança a cerveja, você fica sabendo, acha interessante e corre pra loja, pega o barril fresquinho engatado, prova a cerveja on tap, leva garrafa pra casa. O rótulo vira uma história, uma história de amor fugaz. Sabe como é: era lote único, one shot, sazonal.

Desapego. Lotes sazonais chegam e desaparecem das lojas cada vez mais rápido Foto: Francois Lenoir|Reuters

Próximo passo? Fila. Já acontece nos Estados Unidos. A cervejaria anuncia que no dia tal vai lançar a cerveja tal, forma fila na porta. Com a promessa de uma propagação de brewpubs e microcervejarias dentro de São Paulo a tendência ganha força por aqui. Com tanques pequenos e público bem próximo, o cervejeiro fica mais ousado, experimenta, faz um lote, engata e a novidade vira auê, motivo para ir para o balcão mais querido experimentar a última estrepolia da casa.

Que delícia de tendência. Mas ela muda o jeito de escolher que cerveja tomar. A fidelidade vai desaparecendo do mapa. Quando a cena de cervejas independentes começou a crescer, fazia questão de guardar bem os nomes e rótulos das cervejas favoritas. Elas serviam de porto seguro na cada vez maior oferta de rótulos desconhecidos. Eram as cervejas de combate (e ainda são, certeiras, confiáveis. De cara penso no papel que Schornstein IPA teve por tanto tempo). Agora, com a ideia de que talvez o primeiro encontro seja a última chance, a fidelidade saiu de moda e o que pega é experimentar o que pintar.

Deixe seu comentário
FONTEEstado de São Paulo
COMPARTILHAR