A cidade de Guaribas, a 653 km de Teresina, foi escolhida há 14 anos como ‘piloto’ para o programa Fome Zero. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria dos moradores é beneficiada pelo Bolsa Família e o analfabetismo diminuiu de forma significativa na região, após a implantação do projeto. Em 2000, cerca de 58% da população era analfabeta e em 2010 o município reduziu para 14,6% de analfabetos. 

Segundo o coordenador municipal do Bolsa Família, Ricardo Alves, a situação da educação melhorou devido à obrigatoriedade de frequência dos alunos para receber o recurso do programa social. “A partir da implantação do Bolsa Família, o jovem que participa do programa teve que cumprir as condicionalidades na educação e saúde e passou a ir à escola”, explicou. 

No povoado Brejão, a Escola Anésio Correia Maia surgiu para ocupar o tempo vago dos jovens da zona rural de Guaribas, mas um incêndio destruiu a conquista mais recente. Pelo menos seis computadores, produtos de limpeza, materiais de educação, mesas e cadeiras foram afetados pelo fogo. 

Os programas sociais têm um papel importante na cidade, já que as oportunidades de emprego e acesso são reduzidas. O aposentado José Arismar Ferreira contou ter recebido R$ 75 por cada integrante da família. Ele, a mulher e os dois filhos recebiam R$ 300 para sobreviver. 

“Recebia o dinheiro do Bolsa Família e consegui formar dois filhos. Hoje em dia estão em Brasília trabalhando com suas próprias mãos”, contou. 

No setor de saúde, a cidade atingiu 74,5% da cobertura do pré-natal e na atualização no cartão de saúde de crianças de até sete anos. Mais de 570 famílias, de um total de 775, foram atendidas em 2016. 

Com a visibilidade nacional por conta do programa Fome Zero, a população viu uma possibilidade de obter renda extra. O governo do estado também apostou no potencial turístico e construiu um hotel e um museu com o investimento de mais de R$ 1 milhão, mas as instalações nunca receberam visitantes.

Computadores abandonados, cadeiras e obras de arte esquecidas no Memorial do Fome Zero fazem parte do cenário que atualmente espelha a realidade dos prédios que proporcionariam um contato único com a natureza, localizados na Serra das Confusões. 

Entre as obras inacabadas está a única estrada que liga Guaribas ao restante do estado. A BR-235 possui um trecho de terra com 53 km, que corta a paisagem seca da caatinga. Por conta do isolamento, as fontes de renda no município são o Bolsa Família e o tímido comércio.

O comerciante Abdias Neto abriu o seu mercadinho há três anos após voltar de São Paulo. Com o dinheiro que entra no caixa, ele não pode contratar funcionários e a cada dia busca faturar o bastante para sustentar a família e pagar os empréstimos tirados para investir no negócio. 

O Memorial do Fome Zero e o hotel foram cedidos à prefeitura de Guaribas em 2012. A prefeitura seria responsável pela administração durante um ano e em 2013 tudo voltou para a responsabilidade do estado. O governo informou que os prédios foram abandonados por causa da troca de gestão, que acabou desativando as coordenadorias responsáveis pela administração dos locais.

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