O governador Wellington Dias (PT) informou, durante entrevista coletiva por videoconferência, nesta segunda-feira (13), ao lado do prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), que há caso confirmado de coronavírus no Sul do estado do Piauí. Os gestores reforçaram a importância do isolamento social porque somente agora o Piauí está podendo realizar testes em larga escala e ter ideia de onde há pessoas infectadas.
O estado tinha, até esse domingo, 7 mortes causadas pela Covid-19 e 51 casos confirmados. Ainda durante a transmissão, o governador disse que o fim do isolamento social poderá causar um “genocídio” e rezou um “pai nosso” ao lado do prefeito Firmino Filho.
Durante a entrevista, o governador não deu detalhes do número de infectados, mas disse que foram confirmados casos entre as regiões de São Raimundo Nonato e Caracol, cidades distantes cerca de 600 km de Teresina.
“As pessoas estão tranquilas e dizem ‘na minha cidade não tem casos’. Como sabem disso, se não testamos? Precisamos manter o isolamento social, porque temos um inimigo, que é o novo coronavírus, e não sabemos ainda onde ele já chegou. Hoje, os exames estão chegando aos 224 municípios e vamos conseguir testar em larga escala”, explicou.
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde informou que os testes serão refeitos de forma mais precisa, para garantir a certeza dos resultados. Contudo, o governador Wellington Dias adiantou os resultados durante entrevista nesta segunda.
Testes
“Ainda há uma incerteza muito grande acerca do que está acontecendo. Muitos dos casos não foram bem notificados. O melhor teste que temos, o RTPCR , tem um índice de 37% de falso negativo. Ou seja, de 100 pessoas que fazem o teste, 37 tem resultado positivo e não sabem. O teste é muito impreciso porque foi criado recentemente. O próprio vírus é recente”, explicou o prefeito Firmino Filho.
Segundo o governador, cerca de 30 mil testes já foram comprados e 18 mil já estão sendo distribuídos. Os primeiros a serem testados serão os profissionais da saúde e os da segurança pública. Em Teresina, o prefeito informou que fará testes por “amostragem”, para ter uma estimativa de pessoas infectadas.
Os gestores lembraram ainda que há um grave problema de subnotificação de casos de coronavírus no Piauí devido à dificuldade de se comprar testes para detectar o vírus. Segundo estimativas feitas por pesquisadores da UFPI, Teresina pode ter mais de 400 pessoas infectadas pelo coronavírus. O mesmo estudo calcula que o pico da pandemia em Teresina, momento em que haverá o maior número de pessoas doentes ao mesmo tempo, aconteça entre os dias 13 e 20 de maio.
Picos da doença e necessidade de leitos
Wellington e Firmino comentaram ainda sobre a situação que o estado e a capital enfrentam hoje. No estado, há 56 leitos ocupados por pessoas com síndromes respiratórias, não necessariamente pacientes com Covid-19. Contudo, a previsão é de que esse número aumente exponencialmente até o dia 15 de maio, podendo ser necessários mais de 300 leitos de UTI para atender os pacientes.
“No dia 18 de março, eram três pacientes, 10 dias depois, entraram mais nove e aqueles três nao saíram. Quem entra, fica 4 semanas na UTI. Depois entraram mais 26 e agora são 56 pessoas. Agora testando mais pessoas é que vamos ter um mapa mais próximo da realidade e precisamos de tempo. Se 55% a 60% das pessoas ficarem em casa, teremos tempo para preparar leitos e treinar pessoas para atender pacientes nas UTIs”, disse ele.
Isolamento social e decretos de calamidade
Para evitar a contaminação pelo vírus, o isolamento social e medidas emergenciais foram determinadas por meio de decretos do governo do estado e das prefeituras, como na capital piauiense, para que a população fique em casa e evite ao máximo ir às ruas.
Policiais fazem abordagens nas fronteiras do estado a ônibus e veículos particulares. Escolas, universidades e a maior parte do comércio, assim como serviços públicos, suspenderam as atividades. Os decretos preveem que quem descumprir as regras pode ser penalizado com multa ou até prisão.