O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado há 40 anos, com área de 100 mil hectares. A proteção ao Parque foi ampliada com a criação de Áreas de Preservação Permanentes adjacentes com total de 35 mil hectares. Localizado no semiárido nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície, o parque abriga fauna e flora específicas da Caatinga. Pelo seu valor histórico e cultural, o local foi declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade.

Para fomentar a visitação ao parque foi adotada em dezembro de 2019, com aprovação do conselho consultivo, uma medida para democratizar o acesso de pessoas que têm interesse em conhecer a Pedra Furada e o Boqueirão da Pedra Furada. Com a medida, estas pessoas entram no parque com a supervisão de brigadistas contratados pelo ICMBio, que são moradores da região, têm amplo conhecimento do parque e acompanham esses visitantes gratuitamente.

Créditos: ICMBio

Segundo a coordenadora Regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade da 5º Região do ICMBIo, Ana Célia Coelho, a medida vem atender uma reivindicação local, tanto da comunidade como da administração do Museu da Natureza, e obedece uma diretriz nacional do ICMBio de aproximar a sociedade das Unidades de  Conservação.

Dados apontam que as visitas ao parque, conduzidas por guias e condutores, cresceram consideravelmente. Segundo a comparação feita pelo órgão, em dezembro de 2018, foram 1.944;  e, em 2019, período que a medida passou a valer, foram 2.452 visitas. No mesmo período foram 75 visitas monitoradas gratuitamente por brigadistas do ICMBio  e em janeiro do corrente ano foram 183 visitas .

“No Parque Nacional da Serra da Capivara essa guiagem necessita ser obrigatória, em razão do patrimônio arqueológico, entretanto nós tivemos a iniciativa de permitir somente nos dois sítios que são de mais fácil acesso a visitação monitorada por servidores temporários contratados pelo  ICMBio, que é o brigadista de uso público. Eles ficam disponíveis para quando o visitante chegar e desejar fazer o passeio. São visitas de apenas 20 minutos que estão atraindo um público novo e não interferem na procura pela visita guiada, que é mais completa e pode durar o dia todo”, afirmou.

A coordenadora regional do ICMBio ressalta que parte desse público novo vem do Museu da Natureza e deseja apenas fazer uma visita rápida no Parque e isso está sendo muito positivo. “O nosso alvo foi também favorecer a própria comunidade do entorno, permitindo que as pessoas adentrem o parque. O espaço está protegido, nós temos todo o cuidado com a questão do patrimônio arqueológico, apenas permitimos que as pessoas entrem sem a necessidade de pagar o guia ou condutor. É uma taxa que nem todos podem pagar, então precisamos garantir esse acesso e entendemos que é uma medida extremamente positiva”, acrescentou.

Ana Célia Coelho lembra que a medida trouxe uma resistência dos guias e condutores, mas frisa que é importante democratizar o acesso ao parque e que essa ação não reduziu a quantidade de visitas guiadas, pelo contrário, aumentou, conforme os números antes citados, já que toda entrada e saída do parque é registrada e controlada.

Visita monitorada serve como degustação

A chefe do Parque Nacional Serra da Capivara, a arqueóloga e ambientalista Marian  Rodrigues, reforça que as visita monitoradas de curto tempo, que são conduzidas pelos servidores temporários do ICMBio acabam estimulando as pessoas a conhecerem mais o parque e não impacta a visita guiada, pois para conhecer com maior profundidade todo o acervo cultura e natural do local é preciso contratar um guia ou condutor.

“Os nossos próprios funcionários estão orientados a repassar a lista dos contatos, então se o visitante chega na Pedra Furada e expõe o desejo de querer visitar o restante do parque e outros sítios eles retornam na guarita e contactam um condutor e isso está funcionando: é como se fosse uma  degustação e, pelos números e as estatísticas de visitantes, apenas nesse circuito as visitas guiadas aumentaram, ou seja, a força de trabalho aumentou, as oportunidades econômicas aumentaram”, avaliou.

Marian Rodrigues destacou ainda que a medida vem com o objetivo de estimular e equilibrar as visitas ao Parque Nacional Serra da Capivara, pois enquanto o Museu da Natureza recebeu 50 mil visitantes em um ano o parque registrou 29 mil visitas. “Nós precisamos basilar e dar a oportunidade das pessoas visitarem também o parque e consequentemente trazer a comunidade que vive no entorno para mais próximo do seu patrimônio, 61% das visitas monitoradas são com pessoas da região.  Reforço: o patrimônio está protegido e a comunidade mais engajada. pontuou.

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FONTEPor Waldelúcio Barbosa - Meio Norte
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