A lembrança é antiga, mas nítida: lá estava eu, nas arquibancadas, a assistir a bola se aconchegar nos pés daquele q seria o maior jogador de futebol de salão de São Raimundo Nonato. Renão, com seu corpo avantajado, desafiava as leis da física. A habilidade improvável o diferenciava. Cavava espaço onde ninguém imaginava.

Era mais rápido do q os olhares dos espectadores que, extasiados, vibravam com cada jogada mágica q ele empreendia. Fazia isso com a facilidade de quem diz ” bom dia”. Eu assistia àquilo com uma alegria incontida. Depois, tive a oportunidade de jogar ao seu lado: ele montou um time só com garotos. Já veterano, ainda produzia, aos montes, jogadas de uma plasticidade cinematográfica.

De espectador, virei seu companheiro de time. Mais tarde, já “aposentados” das refregas futebolísticas, nos encontramos várias vezes na mesa do bar bola de ouro, do nosso amigo Neim. Aí o papo era a política de São Raimundo Nonato. Ríamos muito, adversários q éramos na contenda política da cidade. Conheci o Renão nos entregando alegria nos campos de futebol. Depois o conheci nos encharcando de um bom humor ímpar, além de uma incrível capacidade de servir às pessoas. Com a bola nos pés, foi genial. Como companhia do dia a dia, foi sem igual. Vá em paz.

Zeferino Júnior

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