Professores escreveram uma Carta aberta à comunidade de São Raimundo Nonato sobre os cortes feitos pelo Ministério da Educação. A carta cita a importância para que os recursos sejam preservados e fala das instituições de ensino e seu valor para o município.

Leia na Íntegra:

“A educação é parte fundamental da trajetória dos indivíduos que vivem em sociedade. Ela é essencial no desenvolvimento da consciência, da personalidade, da moralidade e do bom convívio dos cidadãos uns com os outros e com o mundo que os cerca. Ao estimular o pensamento sobre si próprio e sobre o mundo, a humanidade construiu, através da educação, as bases do grande avanço civilizacional que experimentamos nos últimos séculos, tanto com o progresso científico e tecnológico quanto com a defesa da liberdade, da solidariedade, da tolerância e da luta contra as injustiças sociais.

Apesar da sua grande importância para o país, nos últimos anos, a educação brasileira vem sofrendo duros ataques que se aprofundaram com a ascensão do presidente extremista Jair Bolsonaro cujo governo tem atendido exclusivamente aos interesses do grande capital. Desqualificando a educação como um bem público, Bolsonaro pretende, com suas ações de desmonte da educação pública reduzi-la unicamente à função de formar mão-de-obra barata e sem consciência crítica. O ataque ao sistema educacional público, gratuito, de qualidade e acessível a todos representa, ainda, um retrocesso que deve impactar profundamente o nosso desenvolvimento econômico e social que, em larga medida, depende das tecnologias geradas pelo conhecimento produzido nas nossas universidades.

Como tem sido amplamente noticiado, o presidente extremista Jair Bolsonaro e o seu Ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciaram, no início do mês de maio, severos cortes nos orçamentos das Universidades e Institutos Federais. Os cortes, da ordem de R$ 5,8 bilhões atingem percentuais acima de 40% dos orçamentos das instituições, o que pode inviabilizar seu funcionamento. A paralisação das atividades do sistema universitário irá impactar diretamente toda a sociedade brasileira. Isso porque as universidades públicas são responsáveis pela quase totalidade das pesquisas científicas no país, pela formação dos seus melhores quadros profissionais e pela extensão de serviços essenciais à sociedade em todas as áreas.

Com os cortes, o país corre o risco de ver paralisadas pesquisas essenciais em todas as áreas do conhecimento: seja na saúde, onde as universidades públicas são responsáveis por descobrir e tornar acessíveis tratamentos e medicamentos; seja na economia, onde desenvolvem soluções para os problemas de produção, especialmente em regiões como o semiárido; seja nas letras e artes, com a divulgação e valorização das nossas tradições artísticas e culturais; seja na produção de dados, análise e planejamento de políticas públicas, etc. De fato, quase todo conhecimento estratégico para o país e seus cidadãos passa pela universidade. E a universidade pública brasileira o produz aqui, tornando as soluções para nossos diversos tipos de problemas mais baratas e acessíveis, além, é claro, de poderem ser exportadas.

É nesse contexto que se inserem as três universidades públicas presentes em São Raimundo Nonato, a UNIVASF, O IFPI e a UESPI, que trazem para a comunidade ensino superior público, gratuito e de qualidade, realidade até há pouco tempo restrita às regiões mais desenvolvidas do país. Juntas, as três tem uma importante inserção no cenário econômico, social e cultural da região, formando mão de obra qualificada, produzindo conhecimento e aportando recursos na forma de empregos diretos e investimentos nos setores econômicos do município e do interior. Além disso, projetam a região no cenário nacional e internacional de ensino e pesquisa.

Com 552 alunos de graduação, SOMENTE A UNIVASF, que tem um orçamento da ordem de R$ 190 milhões, aporta cerca de R$ 10 milhões anuais para a cidade (valor correspondente a cerca 1/8 do orçamento municipal!). Junta-se a isso, recursos adicionais vindos de convênios e emendas parlamentares que, aliás, também correm o risco de serem cessadas. Os esforços da comunidade acadêmica de São Raimundo Nonato sempre foram direcionados para a ampliação da oferta de ensino, pesquisa e prestação de serviços à comunidade e essa tem sido uma ação crescente que o corte de verbas pode cessar. 

Pelo seu caráter público, a UNIVASF, o IFPI e a UESPI são um patrimônio da cidade que precisa ser defendido contra os desmandos do governo extremista de Jair Bolsonaro, um governo claramente antipopular e inimigo da educação pública. É bom lembrar que o seu governo também anunciou cortes de mais de R$ 1 bilhão no FUNDEB que afeta diretamente o investimento em educação básica. No Piaui, professores celetistas estão há meses sem salário e a continuidade dos cortes deve piorar ainda mais a situação. O corte nas verbas da educação superior soma-se aos ataques desferidos contra os direitos trabalhistas, contra os direitos das populações tradicionais e campesinas e contra a aposentadoria dos brasileiros representada pelo golpe ao povo que é Reforma da Previdência.

Por isso, a Educação soma-se à luta contra os retrocessos do governo extremista de Jair Bolsonaro e convida a população a juntar-se a nós em defesa desse setor essencial para o desenvolvimento econômico social e cultural do país e da região de São Raimundo Nonato”.

Fórum de Lutas pela Educação e contra a Reforma da Previdência!

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