A arqueóloga que protagoniza o filme permaneceu na Serra da Capivara e vai aguardar Niède chegar mais perto de casa, ao anfiteatro da Pedra Furada para assistir a produção a qual dá nome. Até lá, já saberemos se o filme Niède levará para a prateleira do estado do Piauí o prêmio de vencedor da competição internacional de longas, a ser anunciado no dia 14 de abril no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo. “Estou ansioso pelo resultado da competição mas já muito feliz por ter realizado o filme que se dedica a contar como nenhum outro antes fez a história dessa personagem icônica que é a Niède. “Esse prêmio já recebemos”, diz o diretor Tiago Tambelli.

Já para Niéde, talvez o maior prêmio seja ter a continuidade do seu legado executada de forma eficiente; papel atribuído ao atual chefe da Missão Francesa de Pesquisa na Serra da Capivara, francês especialista em líticos, Eric Boeda, que, como retratado no filme, já vem se ambientando ao clima da antecessora que não esperava pelas previsões ou calmarias e se movia por sua natureza exploradora e inovadora;  fizesse chuva ou sol, passasse o tempo que passasse debruçada nessa ponte entre nosso passado ancestral e significados futuros que representa a Serra da Capivara, entre seus verões e invernos, sem meias estações.

A marca da passagem memorável de Niéde pelo sertão piauiense e o seu poder de articulação em prol da pesquisa em números é de mais de 1.000 sítios arqueológicos catalogados e 25 mil pinturas rupestres já identificadas. Niède traz a essência da ciência que olha para trás para aprender com o passado, mas que anda nos trilhos da evolução, puxando quem quer ir para frente. Se a Serra da Capivara real tivesse um som, além dos produzidos pelos animais que a povoam,  pelas 208 espécies de aves que por lá gorjeiam, do vento que balança as copas das árvores de mais de 30 metros, das águas da chuva caindo sobre a mata branca até torná-la verde em poucos dias ou gotejando pelos paredões, ele poderia ser atemporal, enigmático e retumbante,  como o que acompanha as aparições dos cânions na telona, desenhado por Edson Secco para contar a história inacreditável de pujança onde tudo era abandono com um nome feminino de acolhimento forte; Niède.

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FONTESimone Siman - Meio Norte
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