Merlong Solano alerta que economia do crime pode chegar a R$ 2 trilhões no Brasil

Em pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados nessa terça-feira (16), o deputado federal Merlong Solano (PT) chamou atenção para o impacto econômico da criminalidade no Brasil e afirmou que o país convive com uma verdadeira “macroeconomia paralela” movimentada por atividades ilegais. Segundo o parlamentar, crimes como violência, contrabando, sonegação fiscal, corrupção, crimes financeiros e ambientais geram perdas bilionárias para a economia nacional.
Com base em estudos de instituições como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Merlong destacou que essa economia ilegal pode representar entre 15% e 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o equivalente a cerca de R$ 2 trilhões. “Estamos falando de uma economia paralela, de uma macroeconomia paralela, que corrói o desenvolvimento do país. Embora não existam números absolutamente precisos, devido à própria natureza clandestina dos crimes, operações recentes evidenciam a dimensão do problema e deixam claro que o volume de recursos perdidos é enorme”, afirmou.
Entre os exemplos citados, Merlong mencionou a Operação Carbono Oculto, que identificou irregularidades da ordem de R$ 50 bilhões em uma rede de cerca de mil postos de combustíveis. Ele também citou a Operação Poço de Lobato, que revelou a atuação de uma única empresa responsável por sonegar aproximadamente R$ 27 bilhões. Na área dos crimes financeiros, o parlamentar chamou atenção para o caso do Banco Master. “Apenas em relação ao Banco Regional de Brasília, foram feitas vendas irregulares e ilegais, com papéis falsos, da ordem de R$ 12 bilhões. Nós estamos indo além da segurança pública. Estamos precisando proteger a nossa própria economia”, explicou o parlamentar.
O deputado defendeu o avanço de medidas legislativas e institucionais para enfrentar o problema. Para Merlong, o Congresso acertou ao aprovar a Lei do Devedor Contumaz, mas ainda é necessário retomar e aperfeiçoar o PL Antifacção. “Precisamos também levar adiante a PEC da Segurança Pública, uma proposta que coloque na Constituição o Sistema Único de Segurança Pública e integre de forma efetiva as ações do Estado”, afirmou o petista.
Merlong destacou ainda a importância da atuação conjunta entre os órgãos de fiscalização e investigação. “Essas últimas operações mostraram o quanto é oportuno integrar as ações da Polícia Federal, da Receita Federal, do Ministério Público, das polícias civis e militares. Foi essa integração que trouxe resultados muito expressivos”, concluiu o deputado.






