Jornalista Lucas Parente resgata histórias para homenagear os 108 anos de São Raimundo Nonato
O jornalista Lucas Parente resgatou uma série de memórias e histórias para homenagear os 108 anos de emancipação política de São Raimundo Nonato. Foram contos, personalidades, personagens, lugares, atrativos, culinária, cultura, mudanças, gerações, um verdadeiro resgate de tudo que marcou este mais de um século do município. Tudo isso poderá se tornar um livro em breve.
O trabalho teve início no dia 01 de junho em uma boa conversa com o senhor Raimundo do Pombo, conhecedor nato de todos os capítulos históricos que formam o município de São Raimundo Nonato, a querida Princesa do Sertão. Iremos detalhar cada contato e cada resgate dividido entre tópicos e imagens, veja abaixo.
VEJA HISTÓRIAS
“Junho é o mês do aniversário do município de São Raimundo Nonato. Emancipado em 1912, nosso CéuRaimundo vai completar 108 anos. E pra contar um pouco da nossa história, bati um papo com Raimundo Macêdo, conhecido por todos como Raimundo do Pombo. E o homem tem história pra contar. Aguardem”!
Estátua de Dom Inocêncio, que fica na praça da Igreja Matriz, inaugurado na gestão de Dr. Waldir Ribeiro Dias em 31 de agosto de 1971. Como diz a placa: A Dom Inocêncio, o povo.
Continuo a minha saga pra contar um pouco a história da nossa cidade. Fui bem recebido por seu Pedro Nolasco e Dona Ocilma Macêdo. Eles são donos de fotos raríssimas de São Raimundo Nonato.

Sabia que a antiga rodoviária, no centro de São Raimundo Nonato, construída no mandato de Newton Macêdo, nos anos de 1967 a 1970, foi a primeira Rodoviária do Piauí? A obra foi feita através de uma emenda parlamentar de seu irmão Waldemar Macêdo, então Deputado Estadual. Helvídio Nunes era o governador na Época.
Texto feito através de uma boa conversa com Seu Raimundo do Pombo. Acervo fotográfico de Seu Pedro Nolasco e Dona Ocilma Macêdo.
Em seus 108 anos, São Raimundo Nonato é uma cidade de muita história. O centro da cidade já teve uma lagoa e até mesmo um lixão. Quem viveu aqueles anos vai lembrar. Era ali onde os parques e circos ficavam. Para a criançada ali era o paraíso. A cidade cresceu. Aquele terreno baldio deu lugar as grandes construções. Ficaram as lembranças. Tempos difíceis, mas para muitos tempos bons são aqueles que não voltam mais.
Acervo fotográfico de Seu Pedro Nolasco e dona Ocilma Macêdo.
Uma foto para ilustrar bem um pouco da história de São Raimundo Nonato nesses 108 anos. Bairro Paraíso das Aves, década de 80. Sem nada nas torneiras ( e olha lá quem tinha torneira em suas residências), moradores faziam fila para levar para suas casas um pouco de água. Onde hoje é a praça, construída na primeira gestão de Padre Herculano de Negreiros, entre os anos de 1997 e 2000, havia uma caixa d’água que era abastecida por um caminhão pipa. São Raimundo Nonato hoje é abastecida por dois sistemas adutores de água, Garrincho e Serra Branca. Alguns ainda reclamam. Mas as coisas mudaram. Naquele tempo as mães falavam pros filhos: “lave só os pés pra dormir”.
Foto do morador, Cândido.
Já passaram vários “vigias” por nossas praças, mas nenhum tão cuidadoso com a praça da Catedral como Benedito Jandoso. Seu Benedito cuidou com todo carinho dela por 35 anos. A molecada gostava de “atentar” ele pisando nas plantas. Ele, algumas vezes, com um chicote na mão, corria atrás de todos. A gente sabia que ele não ia bater em ninguém, era só ciúmes da sua querida praça. Era só pra ver a molecada correndo mesmo. Muitas vezes, Seu Benedito parecia esquecer de sua casa. Era normal ver ele até tarde da noite deitado no banco da praça. Mas não era esquecimento, era só paixão por aquele lugar. Cuidava da praça como se fosse sua própria casa. De repente seu Benedito sumiu. Tinha perdido sua grande companheira, dona Euvíria. O tempo passou. Tinha ido para São Paulo, a pedido de seus filhos. Era hora de ficar com sua outra paixão, a família. No último dia 28 de maio seu Benedito faleceu, aos 89 anos. Poucos souberam. Benedito Jandoso, uma homem humilde, digno, e com certeza faz parte da história dos 108 anos de São Raimundo Nonato. Que descanse em paz.
Duas imagens mostram um pouco o quanto nossa cidade cresceu e evoluiu com o tempo. Entre a rua Avelino Freitas e a Avenida Hipólito Ribeiro Soares, no centro comercial da cidade, que na maioria das vezes não se acha lugar nem para estacionar, já foi um lugar mais pacato e com algumas residências.
Foto do acervo de Pedro Nolasco e Ocilma Macêdo.
Por gostar muito de melado de rapadura, Antônio Dias de Sousa ficou conhecido por todos como seu Melado. Ele recebeu a missão de ser o primeiro “vigia” da Praça do Relógio. E isso ele fez muito bem por 30 anos. E ser o primeiro era uma marca dele. Até onde se tem notícia, Melado foi o primeiro a exercer a profissão de engraxate de São Raimundo Nonato. Era uma figura carimbada no centro de cidade. Homem de sorriso fácil e adorado por todos. A lista de clientes era grande. Todos queriam engraxar o sapato com o Melado. Seu Melado criou, ao lado de sua esposa, dona Isabel Gomes, seus 10 filhos dignamente cuidando da Praça do Relógio e deixando os sapatos do sanraimundenses mais brilhosos. Melado faleceu em 1997, ao 73 anos. Seu Melado fez história e faz parte da história dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
Acervo fotográfico de Pedro Nolasco e Ocilma Macêdo.
O Leão “se soltou “
Década de 1980, era normal pelo menos duas vezes por ano aparecer um Circo em São Raimundo Nonato. Esses pequenos circos que se apresentam por todo interior do nordeste. A cidade, carente de diversão, essas atrações por muitas vezes era a diversão de muita gente. Naquele tempo era normal esses circos terem leões, tigres, macacos, que ficavam na entrada, dentro de jaulas. Era o chamativo. Era difícil uma noite de espetáculo com cadeiras e arquibancadas vazias. O circo era o passeio de família, era o ponto de encontros de casais de namorados apaixonados. Era o point.
Como contei antes, ali próximo ao açougue municipal era apenas um terreno baldio, um lixão. Existia, onde é o poliesportivo e a Uespi, apenas o Centro Social. Era ali que os Circos ficavam. Pois bem, numa bela noite, num circo montado ali, com as arquibancadas lotadas, tudo corria normal. O que as pessoas não sabiam é que, ao mesmo tempo, um caminhão sem freio desgovernado descia o “corte”, do Galo Branco. O caminhão, em alta velocidade, passou pela Praça do Relógio, pelo Mercado Municipal, parando somente depois de bater nas grades que cercavam o circo.
O barulho da batida foi tão grande que todos se assustaram, mas ao mesmo tempo ficaram sem entender o que tinha acontecido. As luzes do circo se apagaram, ficou aquele breu, aquele silêncio ensurdecedor. Pessoas pegavam não mão do outro e diziam baixinho: e agora? Foi aí que do nada um “gaiato” gritou: O LEÃO SE SOLTOU!
Começou uma correria, era menino chorando e gritando pela mãe, mulher dizendo amava marido, aleijado que conseguiu correr. Em questão de minutos não tinha sequer mais uma alma viva dentro desse circo. Todos conseguiram sair. Alguns machucados. Mas para o bem de todos, o leão continuava preso na jaula.
Alguns vão pensar essa história é mentira. Claro que aumentei um pouco, mas ela existiu. E ela faz parte dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
Acervo fotográfico de Pedro Nolasco e Ocilma Macêdo.
Era uma noite de Junho de 1975. Centena de pessoas estavam ali na avenida Professor João Menezes, onde hoje é o Armazém Nordeste, centro de São Raimundo Nonato. Como de costume do sanraimundense, muitos estavam com a melhor roupa, com o melhor sapato, com sandálias novas. Era o acontecimento do ano. Estava sendo inaugurado o CineSãoRaimundo. O filme: A Loba Solitária. Bom, o nome CineSãoRaimundo não pegou muito na boca povo. O negócio era chamar a turma pra ir no Cinema de seu Clóvis. Clóvis Paes Landim foi um homem visionário, considerado por muitos bem à frente do seu tempo. A ideia do cinema surgiu numa rodada de conversa entre amigos. Todos os dias o senhor Ady Castro, que era bancário no Banco do Nordeste, ao fim do expediente, ia sempre o bar Pioneira, que também era de propriedade de seu Clóvis, também na avenida Professor João Menezes. Numa dessas conversas, seu Ady disse: por que você não abre um cinema em São Raimundo? Seu Clóvis ficou encucado com aquilo. Ao chegar em casa, reuniu os filhos e repassou a ideia do grande amigo.
No começo, todos estranharam.
– Mas meu pai, o senhor nunca trabalhou com isso, como pode dar certo? Indagou um dos filhos. Seu Clóvis foi firme e forte: só existe coisas difíceis para os covardes que tem medo de arriscar.
A ideia então estava saindo do papel. Mandou construir o prédio. Enquanto isso, foi a Salvador fazer a parceria com a distribuidora de filmes. Chegavam dois filmes por semana pela empresa de ônibus Bonfinense. Depois disso foi a São Paulo e comprou duas máquinas de projeção e cerca de 200 cadeiras de madeira. A tela do cinema era de 10 metros de largura por 4 de altura. Estava pronto o CineSaoRaimundo. Durante 11 anos vários filmes foram passados ali. O cinema do seu Clóvis foi o ponto de encontro de muita gente, o começo de muitos namoros e romances. Mas em 1986 o CineSãoRaimundo fechou suas portas.
A chegada da TV aberta nos lares de São Raimundo Nonato, o encantamento com as novelas fez com que o público do cinema caísse drasticamente. Seu Clóvis decidiu então naquele ano encerrar os trabalhos do primeiro cinema moderno da nossa cidade. Ficou apenas a história.
Informações e fotos: Professor Adailton (filho) e a Professora Soraia Victor (neta de seu Clóvis).
Era uma vez a pracinha
A pracinha do Abrigo era famosa. Tinha muitos brinquedos e garotada vivia lá correndo, brincando. Tinha gangorra, escorrega… Sábado de Aleluia era dia de ver queimando o Judas ali. Era passagem obrigatória quando os alunos saíam das escolas. Nas festinhas do clubinho, quem arrumasse sua paquera sentava ali nos bancos da querida pracinha. Mas, no começo dos anos 2000, a pracinha deu lugar ao prédio que hoje é o Fórum de Justiça. Haviam outros lugares, terrenos públicos não faltavam. Não adiantou o apelo popular, a pracinha acabou. Ela ficou na história.
Acervo fotográfico de Pedro Nolasco e Ocilma Macêdo.
Ainda sobre a história do Praça Francisco Antônio da Silva, a Praça do parquinho, recebi da minha amiga Núbia Baldoíno algumas fotos de um jornal que circulou em São Raimundo Nonato em novembro de 2003, produzido por um movimento chamado: Abrace a Praça. Nele foi relatado a insatisfação de muitos sanraimundenses na época da destruição da praça e construção do Fórum.
Marcelino Eduardo da Silva: O Mestre Paizinho
A Semana Santa começava. Eram outros tempos. Na Sexta-feira da Paixão, comer carne vermelha nem pensar. Álcool, Deus me livre. Conheci pessoas que diziam que era proibido até “banhar” no dia da morte de Jesus. Muitos se aproveitavam disso. Era tempo de ver a Porca de Bobes” debaixo da ponte que liga o Paraíso das Aves à Rua de Baixo, de ver a mulher de branco perto do cemitério. Quem não tinha um conhecido ou conhecida que virava lobisomem nesses tempos? Era tempo de ver “livusia”.
No Sábado de Aleluia a Igreja Matriz lotava. Era menino dando na canela. Muitos nem sabiam o que Bispo tava falando e não viam a hora de acabar a celebração. Mas tudo isso tinha uma razão. Era a noite da queima do Judas na Praça do Abrigo. “Ides em paz e o senhor vos acompanhe”. Pronto, acabou a missa. A multidão saía em procissão em direção à praça onde hoje é o Fórum de Justiça. De longe já se via um boneco com roupas velhas e os sapatos brilhosos em cima de um estrutura de ferro. De repente alguém gritava: já vai começar, tomem muito cuidado. Era o Mestre Paizinho, que por muitos anos nos deu essa alegria.
Um fio de pólvora que era ligado até o boneco do Judas era aceso. Era questão de segundos. O boneco começa a pegar fogo e girar ao mesmo tempo até explodir. Era um barulho muito forte. Começava uma correria pra ver quem pegava o sapato de Judas. Era muito bom.
Depois disso tudo era hora de ir tomar um guaraná com a família no bar Água Viva da Praça do Relógio, ir para casa dormir e acordar às 4h da manhã pra ver os caretas. Paizinho foi um dos maiores artesãos da nossa região. Um homem que não fazia apenas bonecos. Em um pequeno quarto em sua casa do bairro São Félix, Paizinho fazia violões, rabecas, flautas, cavacos. Era um mestre.
Paizinho morreu em 1992 e a tradição da queima do Judas morreu junto com ele.
Quem já não ouviu de um visitante a seguinte frase: esse povo de São Raimundo é pra frente. Pois é, sempre queremos fazer o melhor e o mais bonito. Um antes e depois do desfile de 7 de Setembro mostra um pouco isso.
Professor Ruiz
Manuel Mariano Ruiz Vásquez, Espanhol, nascido em Madri, chegou em São Raimundo Nonato em 1955 a convite de Dom Inocêncio. Veio como missionário, e aqui ficou por muitos e muitos anos. Quatro anos depois de sua chegada, casou com Francisca Bastos e teve cinco filhos. Professor Ruiz era um gênio da matemática, desenhos e pinturas. Era ele que restaurava as imagens e quadros da Igreja Matriz e capelas. Também fez muitos letreiros nas faixadas dos comércios da cidade. Nas décadas de 1950 e 1960 foram surgindo escolas em São Raimundo Nonato, como o Colégio Padre Marcos, Madre Lúcia, Ginásio Moderno, e todas elas contaram com a ajuda e ensinamentos do Professor Ruiz. Tive o prazer de ser seu aluno em 1992 no Colégio Dom Inocêncio e em 1999 na Escola Normal Gercilio Macêdo, quando Professor Ruiz era o Diretor. Posso dizer que ele era homem rígido, e por algumas vezes usava palavras duras, mas tudo era em nome da boa educação escolar. Uma figura histórica que faz parte dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
Sempre prezou por isso. Professor Ruiz faleceu em julho de 2004, em São Paulo, mas deixou um grande legado cultural na nossa cidade.
Agradecimentos à Professora Jane Maria pelas informações. Alguns trechos foram tirados do livro: Dom Inocêncio López Santa María, do escritor Marcos Damasceno.
Em 108 anos de história, a Praça do Abrigo, construída no final da década de 1960, passou por algumas transformações. No meio da praça foi construído um centro cultural, que depois virou bar, que já foi um centro de apoio ao turista, virou bar de novo, até voltar a ser um local de apresentações culturais nos dias atuais. A praça do Abrigo é a praça favorita de muita gente. Segundo alguns relatos, na década de 1970, existia ali um alto falante que tocava músicas românticas à noite para os casais apaixonados, ou para encorajar outros a declararem seu amor. A Praça do Abrigo, nos 108 anos de história da nossa cidade, faz parte da história de muita gente.
Acervo fotográfico de Wildemark Ribeiro e Prefeitura de São Raimundo Nonato.
A Globo do Sertão
Não podemos falar da história de São Raimundo Nonato sem citar a Rádio Serra da Capivara. Fundada em 23 de outubro de 1982, a AM do Povo foi a primeira rádio do Sudeste do Piauí. Idealizada por Waldemar Macêdo, teve como seu primeiro Diretor Geral o jornalista Pedro Claudio, que por motivos pessoais pediu afastamento, assumindo então Dr. Reges Nogueira. Com um alcance de mais 500 mil pessoas em 60 cidades nos estados do Piauí, Bahia e Pernambuco, a rádio Serra da Capivara é considerada a Globo do Sertão.
É dela que a gente fica sabendo de batizados, casamentos, velórios, missas de sétimo dia, se fulano chegou bem em São Paulo, se arrumou emprego em Brasília, se cicrana casou. Quem nunca ouviu o Comunicativo Interiorano? Quem nunca ficou de ouvido em pé no Jornal Factoroma para ouvir um político local falar mal de um adversário? Mas 1994 tentaram calar a rádio Serra da Capivara. Uma explosão destruiu os transmissores localizado no bairro Santa Luzia. A rádio ficou fora do ar por quase três meses. Através de doações e bingos novos transmissores foram comprados e a rádio voltou ao ar. Já são quase 38 anos prestando serviços, levando informação e entretenimento ao seus radiouvintes.
Enfim, a Rádio Serra da Capivara AM do Povo faz parte da história dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
Se tem uma avenida que faz parte dos 108 anos de São Raimundo Nonato, essa é a avenida Professor João Menezes. Ela passou por grandes mudanças. Dos tempos boêmios, passando por grandes carnavais, e lá que está quase toda a rede bancária, as lojas mais chiques. Como não falar de bares históricos como: Timoneiro, Boi na Brasa, bar do kaos, zero grau, barracão, samba Juliana. Era lá que ficava o cinema do seu Clóvis. Quem foi um dia que nunca chamou alguém pra ir dar uma volta na rua? Era lá que a turma se encontrava. Enfim, a Avenida Professor João Menezes faz parte da nossa história.
Acervo fotográfico de Pedro Nolasco, Ocilma Macêdo e Joaquim Neto.
Praça Major Toinho, centro de São Raimundo Nonato. O tempo vai passando, a cidade vai crescendo. E o que era lugar residencial, virou um grande centro comercial. São hotéis, lojas, pizzarias, consultórios. A praça, que tem o apelido mais excêntrico da cidade, com certeza faz parte da história dos 108 anos de São Raimundo Nonato.
Doutor Raul Macêdo foi o primeiro médico filho de São Raimundo Nonato. Depois de ter colado grau na Faculdade de Medicina da Bahia, na cidade de Salvador, em 1935, Dr. Raul desembargou em São Raimundo Nonato em dezembro de 1936 e foi recebido com muita festa por seus familiares. Foi um grande acontecimento na época. Mesmo tendo oportunidade de trabalhar na capital baiana, Dr. Raul decidiu voltar para sua terra natal. Trabalhou na Delegacia de Saúde, no primeiro hospital de São Raimundo Nonato, chamado Maria do Carmo Rodrigues, onde hoje é o Batalhão da Polícia Militar. Por muito tempo fez da sua casa, onde hoje é a GabiFarma, no centro da cidade, um consultório médico, onde atendia pessoas de baixa renda. Realizava atendimentos médicos também nas cidades de Caracol, Remanso e Campo Alegre de Lourdes. Doutor Raul Macêdo faleceu em 25 de dezembro de 1965, aos 57 anos, na capital Teresina.
Informações do livro: Médico, Medicina e Humanismo no Sertão. Escrito por Plinio Macêdo e Marina Barguil Macêdo.
Belas serras de mistério e saber. Serras que o poeta cantara. Pequenos trechos do hino da cidade de São Raimundo Nonato. Hino foi escrito no começo da década de 1980 por Teresinha de Castro Ferreira. Segundo ela, a inspiração foram as belezas do nosso município. “As letras que iam surgindo eram um pedido do meu coração”. O hino demorou cerca de 4 meses para ser concluído. Com lágrimas nos olhos, dona Teresinha disse que queria eternizar sua passagem na terra deixando algo especial. E foi assim que escreveu o belo hino da nossa cidade.
São Raimundo de belas paisagens/ São Raimundo cidade bendita de ternura amor e emoção/ És o meu grande amor São Raimundo/ Tu és tão bonita, princesa do Sertão
Fotos: Joaquim Neto.
Intendentes e Prefeitos
Desde sua emancipação em 25 de junho de 1912, pela Lei Estadual número 669, o município de São Raimundo Nonato já foi administrado por 32 gestores, entre intendentes nomeados e prefeitos eleitos democraticamente. Manoel José Rubem de Macêdo foi o primeiro Intendente de São Raimundo Nonato. Alguns tiveram mandatos de 4 anos, outros 2, uns 6 anos. Mas a gestão mais longa em tempo corrido foi a de Francisco Antônio da Silva (Bitoso), que foi eleito pelo voto para administrar por 4 anos, mas o Presidente da República Getúlio Vargas, que tinha dado o golpe em 1930, o nomeou por mais 11 anos. Assim, o primeiro mandato de Bitoso em São Raimundo Nonato durou 15 anos. Ele chegou a ser eleito mais uma vez. Manoel Lira Parente foi primeiro padre a administrar São Raimundo Nonato. Governou por 4 anos. Uma curiosidade: dos 32 gestores, Carmelita Castro, atual Prefeita, é a primeira mulher a comandar o município de São Raimundo Nonato em 108 anos de história.
Agradecimentos mais uma vez ao senhor Raimundo do Pombo pelas informações.
Em 108 anos anos ganhamos a fama de sermos festeiros. Se hoje temos grandes palcos com shows de grandes produções na nossa cidade, em um passado não tão distante os bailes no Clubão, Clubinho e Jetec é que faziam sucesso entre a turma. Na foto, a Banda NG 6 se apresentando no Clubinho. O conjunto, como alguns chamavam, era formada pelos músicos Nariquê, Juscelino, Paulino, Roberto Guerra, Cupim, Cibele, Nonato Guerra e Tita Veiga.

São Raimundo Nonato em seus 108 anos de história já recebeu até um Presidente da República. Fernando Henrique Cardoso pousou no antigo “Campo de Avião “ no ano de 2000. O presidente veio para as comemorações dos 500 anos do Brasil, na Serra da Capivara. Ele foi recebido pelo então governador do Piauí Mão Santa e o Prefeito Municipal, Padre Herculano de Negreiros. A antiga pista de pouso passou por uma grande transformação, virou a Avenida José Dias de Castro. Ao seu redor centenas de casas, UBS, UPA, academia de saúde. Hoje é o bairro Aeroporto.
Acervo fotográfico: Padre Herculano de Negreiros.
A PRIMEIRA IGREJA CRISTÃ EVANGÉLICA
A história da Igreja Cristã Evangélica em São Raimundo Nonato começou em uma simples casa na Rua de Baixo (Av. Professor João Menezes). Em maio de 1966, chegaram em São Raimundo Nonato o senhor Manoel Henrique e sua esposa Dona Leopoldina. Neste mês alugaram uma casa e aproveitaram a sala para dirigirem os primeiros cultos.
Mas tarde tiveram a ajuda do mestre Antônio, conhecido por todos como “o construtor”. Foi então que Manoel Henrique indo até Caracol, conheceu o Pastor Werner Hediger, um suíço que já trabalhava com a divulgação do evangelho na região.
Entre os anos de 1963 a 1966 a missionária Heidi Schellenberga (primeira missionária), o Pastor Werner e sua esposa Emmi Hediger que moravam Caracol e o Pastor Ari(in memoria) e sua esposa Elisabeth Aeberhard que moravam em Campo Alegre de Lourdes, Bahia, foram convidados pelo Senhor Manoel Henrique para realizarem cultos em sua casa. Em 1974 começou então a construção do Templo, sendo inaugurado em 1975 junto com a Casa Pastoral. O Templo fica na Rua Zeca Coqueiro, centro de São Raimundo Nonato. A Instituição chamada de Congregação Cristã Evangélica do Brasil, era mantida pela Missão Suíça. Após a Igreja Cristã Evangélica ter membrado-se a Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas passou a ser liderada por pastores brasileiros e ser sustentada pelos membros da mesma.
O primeiro Pastor brasileiro a liderar a Igreja Cristã Evangélica em São Raimundo Nonato foi Pastor João Paulo e o atual Pastor Luiz de Carvalho Veloso.
Informações e fotos de Marizete e Aline.
Avelino José de Freitas, nome de uma das principais ruas de São Raimundo Nonato. Centro comercial forte da nossa cidade. Avelino Freitas foi Interventor do Piauí e chegou em São Raimundo Nonato na década de 1920. Foi o quarto Prefeito de São Raimundo Nonato.
Praça Professor Júlio Paixão, a praça do Relógio em nove imagens. Era a praça da feira, a rodinha do Bitoso, era a praça dos festejos, era a praça do bar Água Viva, era a praça dos encontros. Em 1993 destruíram o relógio. Dona Etinha, que morava ali do lado da Igreja Matriz, ao ver aqueles homem derrubando o relógio, gritava: “Não façam isso. Não destruam nosso patrimônio”. Era um grito em vão. O relógio veio abaixo. Ninguém entendeu nada. 25 anos depois o relógio voltou para praça. Não aquele velho relógio, mas um mais moderno. Dando uma sensação de nostalgia, um sentimento de que algo que fez parte da nossa história agora faz parte do nosso presente.
Fotos: Pedro Nolasco, Ocilma Macêdo, Joaquim Neto.
Antonio Charuto das Casas das Peças
Depois de passar uma temporada em Brasília e São Paulo na década de 1950, Antônio Ribeiro Américo, o Antônio Charuto, começou a trabalhar no comércio do seu Pedro Américo (seu irmão) até 1966. No ano seguinte abriu o seu próprio comércio em um ponto alugado na Av. Professor João Menezes (ao lado da Loja do Toinho Siqueira), para vender peças de bicicletas. Foi um sucesso tão grande que em 1971 comprou um terreno da dona Benzinha, na Praça José Ferreira, onde construiu a sua sede própria, em frente a antiga Rodoviária. A loja ficou conhecida em toda região de São Raimundo Nonato, Sul do Piauí, Norte da Bahia e Sertão do Pernambucano como o vendedor de peças originais das bicicletas monark. Já na década de 1990, com o crescimento da cidade e com o aumento de motos nas ruas, começou a vender peças de motocicletas.
Antonio Charuto sempre prezou pela honestidade e honradez nos seus negócios. Foram 39 anos no ramo. Em junho de 2006 decidiu encerrar as atividades. Mas até hoje o Sr. Salvador, que comprou o estoque existente, continua usando o nome da Casa das Peças do Antonio Charuto.
O Banco do Nordeste do Brasil foi inaugurado na década de 1950. A Prefeitura Municipal comprou e doou o terreno na principal avenida da cidade, a Professor João Menezes. O Prefeito da época era José Dias de Castro. Segundo relatos, no dia de sua inauguração, pelo menos cinco carros do modelo Rural chegaram na cidade cheias de dinheiro para abastecer o banco, vindos de Fortaleza. A inauguração foi um grande marco é importante para o desenvolvimento da cidade e região. A reforma, ampliação e modernização do agência do BNB de São Raimundo Nonato foi na década de 1970. O prédio, que foi reinaugurado em maio de 1979, leva o nome de Professor Júlio Paixão.
Agradecimento ao Raimundo Pombo pelas informações. Fotos: Divulgação internet e Cristiano Farias.
É meu penúltimo dia aqui contando estórias, recordando histórias e curiosidades sobre a cidade de São Raimundo Nonato. Nosso município comemora 108 anos. Já pertencemos a Jerumenha e Jaicós. Aqui era a Fazenda Jenipapo. Virou Distrito em 1832 e Vila em agosto de 1850. Mas uma Lei Estadual Nº 669, assinada em 25 de Junho de 1912, tornou aquela vila em cidade. Nascia nossa querida e amada São Raimundo Nonato. Mas você deve tá se perguntando. Por que a foto de um pão para falar da nossa história
Olha, se tem algo que representa nós sanraimundenses, ou sãoraimundenses, é o nosso pão caseiro. Duvido um filho de São Raimundo Nonato que more fora não sentir saudade desse pão sovado. Que já foi apelidado até de pão de sovaco. Nosso pão tem um sabor único. Imagina um pão desses com requeijão cardoso e uma xícara de café? Mas de onde vem a receita? Uns dizem que foram os padres Mercedários que trouxeram da Europa. Já outros dizem que o nosso pão caseiro já existe bem antes da chegada deles por aqui. A padaria do seu Joaozinho Deusdará, onde hoje é a rua Dr. Raul Macêdo, no centro (rua do Hotel Bela Vista), segundo relatos é a mais antiga. Ela já existia em 1900. Frei Rogerio Soares, nosso conterrâneo que hoje mora em Brasília, afirma que já encontrou pão com formato e gosto praticamente iguais, mas quando morou na Itália. Então vamos combinar uma coisa. Já que nunca vamos saber de onde veio a receita, O PÃO É DE SÃO RAIMUNDO. VIVA NOSSO PÃO CASEIRO.
Vou lembrar aqui de alguns padeiros que fazem parte da nossa historia: Jovino, Chicó, Batista, Negão do Paraiso, Seu Raimundo Rapadura, Zezinho, Wilson Espetinho. Caso tenha esquecido de alguém, poste nos comentários.
Agradecimentos à Diolinda e Frei Rogerio Soares.
Ontem o município de São Raimundo Nonato está completando 108 anos de emancipação. E como não falar da Igreja Matriz? Inaugurada em 1876, foi construída pelas mãos de todo um povo da Vila São Raimundo Nonato, sob a orientação do Padre José Henrique Cavalcante, o Padre Mestre. Foi ele que orientou as construções das Igrejas na Ponta da Serra em Dom Inocêncio, em Casa Nova e Remanso na Bahia, e a Igreja de São João Batista, em São João do Piauí.
A Igreja Católica de São Raimundo Nonato pertenceu ao Prelado de Bom Jesus do Gurguéia até 1961. Nesse mesmo ano, no mês de dezembro, se tornou Prelazia local. Em outubro de 1981 foi elevada para Diocese. Dom Cândido, que tinha tomado posse em 5 de abril de 1970, dois anos após a renúncia de Dom Amadeo Gonzales, se tornou o primeiro Bispo da Diocese de São Raimundo Nonato. Histórico da Prelazia e Diocese: Dom Pedro Pascoal, Dom Ramom Vicente, Dom Inocêncio, Dom José Vasquez, Dom Amadeo Ferreiros, Dom Cândido Lopes, Dom Pedro Brito, Dom João Santos e o atual, Dom Eduardo.
Em 1976 foi a grande festa do Centenário da Igreja Matriz. A Matriz recebeu uma grande reforma. Foi uma grande festa. Mestre Antônio, um baiano de Remanso, foi o mestre de obras que durou cerca e 3 anos. Era muito famoso na região. Foi que ele comandou as obras de construção do Abrigo, Rodoviária, as pontes da rua de Baixo e a que dá acesso ao bairro Umbelina, a Igreja Cristã Evangélica, entre tantas outras obras. Para a reforma, muita gente foi contratada para o abastecimento de água. Meu avô, José Paes Sobrinho (Seu Zeca), com sua carroça ajudou na obra.
Agradecimentos ao senhor Raimundo do Pombo. Trechos tirados do livro Dom Inocêncio, Bispo Missionário no Sertão do Piauí, do escritor Marcos Oliveira Damasceno.
Fotos de Joaquim Neto e acervo de internet.
São Raimundo Nonato foi agraciado por um belo fim de tarde no dia do seu aniversário.